
O objetivo das “Thinking Fashion” é pensar sobre a moda de uma forma transversal. A sua importância, os intervenientes, a busca pela relevância nacional e internacional, até a maneira como é capaz de mudar a vida das pessoas.
Ao longo os próximos tempos, as “Thinking Fashion” surgirão sob a forma de entrevista digital. Uma seleção de pensadores que serão postos à prova. O resultado é o somatório de diversas reflexões e perspetivas sobre a moda, este organismo dinâmico e multidimensional por natureza.
Assim, deixamos a entrevista digital a Catarina Mira, atriz.
As apresentações estão feitas. Agora, é só pensar.
Acho que a tendência a que me rendi e que já há algum tempo faz parte do meu dia-a-dia, é a do oversized. Sinto que com a minha estrutura física esse tipo de proporções me ficam melhor.
Acho que o sucesso, seja em que área for, não acontece de um dia para o outro, mesmo quando parece que sim. O Jeff Bezos faz muita coisa errada mas também diz uma frase que tem muita verdade: “All overnight success takes about 10 years”. Na minha opinião, a consistência é o que faz o sucesso.
Precisam de vendas mas também de um conjunto de outros elementos como presença na imprensa e nas redes sociais. Não há como fugir à importância que os media têm no reconhecimento de um designer.
Talvez. O vestir é uma necessidade mas o adornar é uma arte. A moda não é uma necessidade, é uma pintura. Quem se veste como um quadro, nunca passará despercebido mesmo na uniformidade dos dias.
Porque a moda, quando não é criada em massa, é cara, logo torna-se inacessível para a maioria do público. Infelizmente a nossa escala é muito pequenina, é difícil produzir em quantidades grandes para apresentar valores mais competitivos.
Acho que em termos comerciais tem de haver uma sinergia dos dois para a coisa resultar como negócio. A moda de autor desbrava caminho, desafia mentes, é curiosa e corajosa. A indústria tem como papel semear essas ideias em peças que também se encaixem no nosso dia-a-dia.
Erradamente, a cultura de comprar algo para usar uma vez e descartar em seguida em vez de investir em peças para a vida está muito presente nos dias de hoje. As pessoas compram por impulso, a valores que, à priori, não pesam tanto na carteira. A maturidade de investir numa peça de moda é algo que temos que educar a nossa sociedade a ter. Ou a voltar a ter. Na geração dos meus pais as coisas eram muito mais estimadas do que hoje em dia.
Mudou. Acho que não se começa uma marca hoje em dia sem pensar no impacto que a mesma terá no mundo. Infelizmente também se vê a sustentabilidade ainda a ser usada como green marketing, sem que necessariamente seja um valor presente em todos os setores da marca. No entanto, tenho consciência de que o conceito “sustentabilidade” é muito complexo e que é muito difícil cumprir essa missão a 100%. Mas esse é o caminho.
Talvez seja interessante beber da inspiração e do glamour tão característicos dos eventos de moda. É pena que o público seja maioritariamente observador e não comprador.
Acho que é um formato em metamorfose, mas eu espero que os desfiles nunca deixem de acontecer. Apesar de curtos, são verdadeiros espectáculos e refletem o trabalho de dezenas de pessoas. A sensação que se tem quando baixam as luzes e a música invade a sala é inigualável.
Sim, a pandemia acelerou o inevitável. Já há anos que só faço compras on-line. Na verdade acho o processo tradicional de fazer compras bem stressante quando se trata de visitar centros comerciais. No mercado luxuoso a experiência tende a ser mais agradável, no entanto pode ser bastante intimidante também.
Tem que se pensar para além fronteiras e apostar talvez em agências de PR que ajudem a moda portuguesa ir para além do mercado português. Somos uma país pequenino e sem muito poder de compra, mas o mundo não tem fronteiras hoje em dia com as oportunidades que o on-line criou.
Pensei que essas conquistas fossem bastante celebradas. Provavelmente o meu interesse pela moda seja a razão pela qual essas coisas não me passam despercebidas. Pena.